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terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Relatividade da Crença



"Não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim." (joão, 14:1)

"A questão da crença é bastante relativa, por isso Jesus Cristo recomendou aos seus apóstolos que evitassem penetrar nas cidades dos gentios, porque estes não estavam adequadamente preparados para crer numa nova mensagem. Os seus apóstolos deveriam antes visitar as cidades dos judeus, procurando ali as "ovelhas desgarradas da casa de Israel", porque estas estavam melhor aparelhadas para assimilar a Boa Nova. A tarefa da conversão dos gentios ficaria para uma segunda etapa, a cargo de Paulo de Tarso, Barnabé e outros missionários.
O Mestre não fazia questão alguma de convencer pessoas que não estavam suficientemente preparadas para receber os seus ensinamentos. Certa vez, procurado por algumas pessoas de renome, dentre elas alguns romanos e gregos, estas pediram-lhe "um sinal do céu para que vissem e acreditassem". A resposta do Senhor foi uma incisiva negativa: "nenhum sinal será dado a esta geração adúltera e infiel". Se, por um lado, Jesus não procurava e nem mandava procurar as pessoas que não estivessem amadurecidas para assimilar a sua mensagem, por outro lado ia sequioso em busca de criaturas aptas para a vivência dos seus ensinos. Vários exemplos dessa natureza foram registrados nos Evangelhos.
O Espírito de Jesus, verberando a descrença do apóstolo Tomé disse-lhe: "Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os não viram e creram". É óbvio que, empregando essa linguagem para com um dos seus discípulos, o Senhor não teve a intenção de recomendar que se devesse aceitar tudo cegamente, o que seria a consagração da fé cega. A fé verdadeira e inabalável, conforme preceituou Kardec, é aquela que pode enfrentar a razão face a face em todas as etapas da Humanidade.
O apóstolo Tomé conviveu com o Mestre, presenciou todos os seus ensinamentos, assistiu a fenômenos supranormais operados por seu intermédio e sobretudo ouviu os seus vaticínios sobre o cumprimento da sua missão, inclusive o quadro apoteótico que foi a demonstração do "túmulo vazio" com o seu conseqüente reaparecimento, em Espírito, alguns dias após a crucificação. No entanto, tendo o Espírito de Jesus aparecido aos demais apóstolos num momento quando Tomé não estava entre eles, quando este voltou, informado pelos dez apóstolos sobre o fato, não acreditou, afirmando: "se não vir o sinal dos cravos em suas mãos e não puser o dedo no lugar do cravos, e a mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.
Crer apenas não é o bastante, é preciso, sobretudo, viver os ensinamentos evangélicos. Na Terra deparamos com exemplos vivos de homens que acreditaram em Deus e, no entanto, foram verdadeiros verdugos, que jamais praticaram as recomendações de Jesus, insurgindo-se mesmo contra elas de modo violento.
No passado acreditava-se poder converter os homens pela força e, como decorrência, surgiram as grandes perseguições e guerras religiosas da Idade Média, responsáveis pelo massacre de milhões de pessoas e pela destruição de centenas de cidades. Hoje a Humanidade compreende que a violência, em vez de conduzir a criatura para determinada crença, gera o ódio e a rebeldia, produzindo resultados completamente diferentes.
Jesus sempre usou de persuasão e brandura. Certa vez, quando ele e seus discípulos não foram recebidos numa aldeia de samaritanos, instado para que fizesse descer fogo do céu para consumir os seus habitantes, replicou: "não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las", recomendando em seguida que procurassem outra aldeia, onde pudessem hospedar-se.
Exemplos como estes raras vezes foram seguidos pelos homens. Os seus pósteros destruíram populações inteiras apenas por que elas relutaram em aceitar as idéias cristãs.
Os Evangelhos são pródigos na descrição de casos de criaturas que se converteram mediante um simples sinal:
- Natanael se converteu apenas por que Jesus afirmou que um dia antes o vira debaixo de uma figueira;
Zaqueu se converteu por que Jesus, sem o conhecer, chamou-o pelo nome;
- Maria Madalena passou a seguir o Mestre após ouvir suas palavras de paz e persuasão, convertendo-se e tornando-se a mais dedicada das suas assessoras;
- O centurião romano acreditou em Jesus porque tinha a certeza plena de que a sua autoridade inquestionável era suficiente para curar o seu servo, que estava doente numa outra cidade.
Quando os apóstolos não conseguiram curar um jovem lunático, dirigiram-se a Jesus e lhe perguntaram: "Por que não pudemos nós expulsar aquele mau Espírito?" O Senhor lhes respondeu: "por causa da vossa incredulidade". Aditando ainda que se eles tivessem plena convicção, diriam a um monte: passa-te daqui para acolá, e ele passaria. "

Autor: -Paulo F. Godoy
Comunidade Espirita

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