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quarta-feira, 18 de abril de 2012

As Sessões Espíritas de Lobato narradas por ele mesmo


Monteiro Lobato e o Espiritismo
As Sessões Espíritas de Lobato narradas por ele mesmo

Lobato e o Além (J. Herculano Pires)

Monteiro Lobato não era um simpatizante do Espiritismo. Era espírita praticante. Realizou uma série de experiências com as chamadas sessões de copinho e conseguiu comunicar-se com os filhos, parentes e amigos e falecidos, inclusive a famosa Tia Anastácia das histórias infantis de Emília e Pedrinho que realmente existiu.
Este livro é constituído pelas Atas das sessões de Monteiro Lobato, por ele mesmo escritas, registrando as ocorrências de cada uma com a objetividade e clareza que o caracterizavam. São atas lobateanas, cheias de humor e transbordantes de inteligência. O reverso das atas maçudas e ilegíveis do documentário habitual. Sente-se Lobato em cada vírgula, em cada linha.


As pesquisas espíritas de Monteiro Lobato                  


Com uma visão de mundo arrojada, ele inicia o mercado editorial brasileiro, e mais tarde torna-se o símbolo do escritor da literatura infantil. Mas Lobato também fez outros escritos. Ele  conversava com os espíritos e fazia atas das experiências que assistia em reunião familiar
 "Sessão de 12 de agosto de 1944". 
"Tivemos uma sessãozinha de excepcional valor emotivo. Sem muita demora o copo escreveu": – Adamastor Ferraz. – Português, evidentemente, mas de onde irmão? – Inhambane, Moçambique. – Lembra-se de quando passou, ou faleceu, ou morreu? – Desencarnei em 1868. – Uma coisa: estará, por acaso, vendo outros espíritos nesta sala, aqui junto de nós? – Muitos. – Pode distinguir algum? – Principalmente uma irmã já idosa. "Ficamos todos assanhados, porque podia ser a mãe de algum dos presentes. Eu perguntei:"? – E onde está essa irmã? – Pegada a irmã vestida de preto e branco (Purezinha estava com um vestido de ramagens brancas em fundo preto). "O copo continuou": – Ela parece ter sido muito íntima. Tem olhos azuis. "Dona Brasília, mãe de Purezinha, tinha olhos azuis. Havia, pois, de ser ela. Pedi ao irmão Ferraz que lhe perguntasse o nome e o copo imobilizou-se, sinal de que o espírito atuante está falando com outro. Depois escreveu": – Brasília Natividade."A mãe de Purezinha! Fizemos um barulhão, e eu": – Pergunte-lhe se pode tomar o copo e conversar conosco."O copo imobilizou-se de novo, e depois escreveu": – Ainda não tem permissão. – Que história de permissão é essa, Adamastor? Então há um governo aí, uma tutelagem ou que seja, de modo que até para uma simples conversa conosco é preciso "permissão"? Permissão de quem? – Nem nós o sabemos. – Pergunte à irmã Brasília se não tem desejo de conversar com os seus parentes vivos."O copo, depois de imobilizar-se, escreveu": – A vontade sentida por ela de poder comunicar-se é imensa. Mas não o pode ainda. – Pergunte-lhe se tem alguma coisa a dizer-nos. – Ela envia grandes saudades para as filhas e filho. – Pergunte-lhe se sabe que Bentinho (irmão dela), já se comunicou conosco quatro vezes. – Não. – E, além de Dona Brasília, não há algum outro espírito marcante. – Uma irmã de cor negra."Quem seria? Pensamos em Eugênia, a última criada preta de estimação que tivemos e levamos para os Estados Unidos". – Pergunte-lhe o nome, irmão, "pedi – e o copo depois da inevitável paradinha, escreveu": – Anastácia."Fizemos uma festa. Tia Anastácia fora ama-seca de Edgard, e queridíssima da casa". – Não poderá Anastácia tomar o copo e conversar conosco? – Ainda não tem força. (...) Agradeci a Adamastor a sua bondosa atuação e pedi-lhe que aparecesse mais vezes – e que nos dissesse uma frase final, ou conselho para fecho da nossa extraordinária sessão. O copo escreveu": – Cuidem de suas vidas que já não fazem pouco."E mais não houve. Por mais que tentássemos, não saiu mais nada"."Fizemos tudo para que aparecesse o K..., mas inutilmente" (trecho de ata redigida por Monteiro Lobato, em reunião espírita, no grupo familiar).
A exaltação do sentimento nacionalista já foi uma característica mais marcante em todos os países antes da globalização. Mas hoje, a idéia do que é ou não nacional quase se perdeu em meio à quebra de barreiras comerciais e culturais, e ao aprimoramento dos sistemas de comunicação internet.
No Brasil, pós-República, o nacionalismo começou a tomar uma forma mais definida e atingiu o seu auge entre o início dos anos de 1930 até o final de 1970.
Em parte deste período, ele  exerceu seu nacionalismo de forma contundente e corajosa. Estamos nos referindo ao advogado, crítico de artes, cronista e escritor paulista José Bento Monteiro Lobato (1882-1948).
Em 1907, Monteiro Lobato tornou-se promotor público em Areais - SP e lá se casou com Maria Pureza Lobato, entre os amigos conhecida como Dona Purezinha. Aproveitando a vida do interior, eles se mudaram para a fazenda que herdara do avô, o que rendeu o surgimento do personagens como Jeca Tatu e estudos acerca do Saci, figura do folclore brasileiro; e  também sedimentou uma base para sua principal obra literária que realizaria mais à frente.
Lobato e o Espiritismo
Mas alguns escritos de Lobato também passam pelo Espiritismo.
Em 1943, ele registrou em atas as sessões mediúnicas das quais participava, em grupo familiar. Seu interesse pela doutrina espírita teve início em 1900, por meio de leituras de textos do físico William Crookes, conforme consta no livro Monteiro Lobato e o Espiritismo, de Maria José Sette Ribas. Lá, foram publicadas as atas das reuniões onde ocorreram suas experimentações com a mediunidade.
O livro revela o método utilizado pelo escritor e seu grupo para entrar em contato com os Espíritos. Eles utilizavam um copo, que sob a ação dos Espíritos e sendo tocado pelo médium e assistentes, desliza sobre um alfabeto disposto de maneira circular, lembrando alguns aspectos das tábuas de ouija. Esse método já era considerado primitivo e ultrapassado naquela época, além do que já existiam diversos médiuns psicógrafos e psicófonos no Brasil.
Nas sessões, cabia a Lobato anotar as letras do alfabeto que tinham sido escolhidas pelos Espíritos, em resposta às perguntas formuladas; bem como a tarefa de escrever as atas.
A médium do grupo familiar era sua esposa,dona Purezinha. Durante  os encontros que se deram entre 1943 e 1947, esclarece José Herculano Pires, no prefácio do livro, Monteiro Lobato aprendeu a "dialogar" com os Espíritos comunicantes e chegou até mesmo a obter a transformação moral de um que se identificou pelo nome K, que inicialmente atormentava os encontros.
Entre as atas elaboradas, encontramos uma que vem endossar a informação de que os Espíritos não estão à nossa inteira disposição. De fato, em 3 de junho de 1944, o grupo de Lobato aguardou durante meia hora, mas não ocorreu qualquer movimento do copo.
Seu interesse pelos contatos com os habitantes do mundo espiritual levou-o a traduzir para a língua portuguesa o livro, escrito por Oliver Lodge.
Deixando a frase "estou ansioso por verificar, pessoalmente, se a morte é vírgula, ponto e vírgula ou ponto final", Monteiro Lobato desencarnou repentinamente em 1948, legando vasta herança ao povo brasileiro, primeiro por sua defesa, não somente da indústria do petróleo, mas de todo patrimônio nacional; depois, pelos relatos das aventuras ocorridas no que, até hoje, encantam o imaginário popular; e, por fim, pelas atas de suas reuniões mediúnicas, que hoje podem ser utilizadas como mais uma comprovação da realidade dos Espíritos desencarnados e de suas capacidades.
 
Bibliografia:
Licurgo de Lacerda Filho.  Mediunidade na História Humana. Minas Editora.
Maria José Sette Ribas. Monteiro Lobato e o Espiritismo. São Paulo:Lachatre, 2004.
Presidente do CE Caridade e Amor André Luiz e do Grupo Cairbar Schutel de Divulgação Espírita de Pindamonhangaba,SP. E-mail: david.ascenco@globo.com

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