Segundo Remédio
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Ausência
Muitas enfermidades se curam só com a mudança do ar; o amor com a da terra.
E o amor como a lua que, em havendo terra em meio, dai-o por eclipsado.
E que terra há que não seja a terra do esquecimento, se vos passastes a outra terra?
Se os mortos são tão esquecidos, havendo tão pouca terra entre eles e os vivos, que podem esperar, e que se pode esperar dos ausentes?
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Se quatro palmos de terra causam tais efeitos, tantas léguas que farão?
Em os longes, passando de tiro de seta, não chegam lá as forças do amor.
Os filósofos definiram a morte pela ausência: Mors est absentia animae a corpore.
Despediram-se com grandes demonstrações de afeto os que muito se amavam, apartaram-se enfim, e, se tomardes logo o pulso ao mais enternecido, achareis que palpitam no coração as saudades, que rebentam nos olhos as lágrimas, e que saem da boca alguns suspiros, que são as últimas respirações do amor.
Mas, se tomardes depois destes ofícios de corpo presente, que achareis?
Os olhos enxutos, a boca muda, o coração sossegado: tudo esquecimento, tudo frieza.
Fez a ausência seu ofício, como a morte: apartou, e depois de apartar, esfriou.o frieza.
Fez a ausência seu ofício, como a morte: apartou, e depois de apartar, esfriou.
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