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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Diferenças entre Doutrinas e Crendices


DOUTRINA E CRENDICES
Doutrina é o conjunto de princípios em que se baseia uma crença religiosa, ou sistema filosófico, ou político. Em sentido restrito pode significar uma disciplina, ciência, regra, opinião, etc.

Abordando-se apenas os aspectos religiosos da vivência e ação das pessoas, constata-se que existem procedimentos relacionando, ao mesmo tempo, diversas doutrinas. A Doutrina Espírita talvez seja a mais envolvida por esses desvios. Isso se deve à ignorância em sentido amplo e, particularmente, ao desconhecimento dos postulados dessa Doutrina. Deve ser lembrado, contudo, que parte desses estorvos poderia ser evitada não fora a atuação de alguns participantes do próprios Movimento Espírita, que adotam atitude de intolerância, intransigência, incompreensão e até de animosidade em vez do esclarecimento.

Nota-se, também, algumas vezes, o corrosivo do orgulho e da vaidade a levar outros desatentos a dissensões e desejos de inovações descabidas a macular a pureza e sublimidade da Doutrina Consoladora.

Há templos religiosos que permanecem sem alteração no número de seus frequentadores enquanto que outros estão se esvaziando visivelmente. Alguns aumentam de maneira exagerada sua frequência. Isso demonstra desorientação nos meios religiosos. Certos ambientes, nos quais há manifestações espirituais ostensivas, apresentam grande afluência, enquanto que em alguns grupos dedicados ao estudo da Doutrina dos Espíritos e à prática da caridade o rol de participantes não se reduz mas permanece sem expansão acentuada.

O fenômeno mediúnico, em alguns locais e ocasiões, prepondera sobre o estudo doutrinário em detrimento do progresso moral, individual e coletivo.

Lamentar apenas essa tendência ocasional e deplorável não adianta nem constrói. A tarefa de esclarecimento em nenhuma hipótese deve ser interrompida ou arrefecida. Cada vez mais se impõe o dever fraterno e sagrado de instruir e amar como ensina e age o Cristo de Deus através dos milênios. Não importam o buliço das multidões e a incompreensão temporária. A edificação espírita está fincada sobre rocha para a eternidade.

Ouve-se, às vezes, até de pessoas supostamente instruídas, a expressão “baixo Espiritismo” com a intenção de relacioná-la à Doutrina instituída em luz como se o Espiritismo fosse ora mais ora menos alto. O alcance intelectual é que pode ir mais ou menos longe. A Doutrina dos Espíritos é como o Sol que não se nega a clarear os montes e o charco. Mostra a todos as verdades eternas da existência de Deus e da alma, as vidas sucessivas do Espírito e sua imortalidade, e tantas outras.

Dado o seu caráter divino, o Espiritismo suporta mas não comporta o obscurantismo, a ignorância, o erro, as atitudes intransigentes e mesquinhas. De conformidade com as lições de Jesus, os sãos não necessitam de médico.

Incumbe aos espíritas conscienciosos a observância da tolerância sem transigência com o erro.

Aproximadamente há dois mil anos, o Divino Mestre prevenira que as religiões voltar-se-iam umas contra outras, se hostilizariam como ora ocorre em regiões do Orbe. Em nome da fé que dizem professar, o fanatismo de alguns religiosos leva-os aos extremos de matarem-se uns aos outros. De outras vezes, profitentes investem contra crenças qualificando seus seguidores de adeptos do “demônio”, de “satanás”, como dizem.

Apesar das lições dos Espíritos, alguns seguidores da sua Doutrina, também, incorrem em erros ao defrontarem com certas crendices e hábitos sem fundamento na Nova Revelação. Em lugar de levarem a candeia do esclarecimento como recomenda Jesus, ou quando não for possível acendê-la, adotarem o silêncio, preferem as imprecações, as ofensas, a incompreensão. Na ânsia, talvez, de iluminar, insultam a consciência carente de luz.

Do mesmo modo que o progresso aclara os fatos considerados milagrosos, explicitando-os à luz da Ciência, do Espiritismo, também as crendices serão desfeitas com o esclarecimento das consciências. Jamais devemos olvidar que a Doutrina Espírita nunca será atingida pelas arremetidas de seus opositores ou mesmo de alguns de seus partidários desavisados. Dia virá em que uns e outros serão convenientemente esclarecidos.

As crendices, distanciadas da realidade, têm origem no passado obscurecido. Sem fincas na razão, algumas perduram devido à necessidade imanente na criatura humana de crer em alguma coisa, daí serem mais ou menos absurdas, dependendo das fontes primitivas. São vulgarmente sustentadas pela tradição. Quando nascem de lendas ou narrativas que se aproximam da realidade deixam de constituir crendices, desaparecendo, consequentemente, os atos e as práticas em torno e em razão delas.

Crendices e rituais são para as religiões o mesmo que as manias e cismas significam para a vida: existem mas sem qualquer justificativa. O próprio misticismo não encontra nenhum arrimo na apreciação criteriosa e correta. A existência do Espírito e suas manifestações constituem fatos naturais inconcussos que prescindem de cerimônias com referência a eles e em torno deles. Ademais, tudo que se afasta da simplicidade fica reduzido de autenticidade.

As formalidades e posturas extravagantes e excêntricas relacionadas com superstições e exorcismos diversos são exemplos de fanatismos escravizadores e irracionais. São gestos e atitudes que sempre existiram, anteriores, portanto, ao Espiritismo Codificado, o que comprova não lhe caber qualquer responsabilidade por essas práticas. Antes, pelo contrário, ele as evita e as faz cessarem com o conhecimento, por meio do esclarecimento que proporciona. Nesses casos aplicam-se com exatidão as palavras de Jesus: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”.

O desconhecimento das leis trazidas a lume pelos Espíritos é o principal responsável por rituais muitas vezes inconvenientes e até nocivos, dado o desperdício de tempo e de recursos que causam e que poderiam ser aplicados em benefício da educação e da caridade.

Assim, os que praticam exorcismos e os atribuem ao Espiritismo incorrem em erro grosseiro.

As crendices, pois, como fantasias devem ser alijadas do comportamento humano com o uso da razão, do bem senso e da inteligência iluminada.

É, também, muito frequente confundir o culto do Candomblé, da Umbanda, etc. com o Espírita. Releva lembrar que os termos “Espiritismo”, “Espírita”, “Espiritista” e outros constituem neologismos criados com o advento da Doutrina codificada a partir de 18-4-1857, data da publicação de “O Livro dos Espíritos”. É, portanto, necessário distinguir o adepto dessa Doutrina, ou seja, o “espírita” do “médium”. Este pode estar vinculado a qualquer religião ou não estar a nenhuma delas, já que o fenômeno mediúnico é próprio da natureza e da condição humanas, enquanto que aquele, ou seja, o “Espírita” somente ao Espiritismo está relacionado.

Ademais, o Candomblé já era crença existente antes do descobrimento do Brasil e a Umbanda resultou do sincretismo religioso dos cultos africanos com o Catolicismo a partir de cerca de 50 anos após o aludido evento.

Espírita é, pois, o adepto, o seguidor dos postulados do Espiritismo.

Contudo, nesse entendimento não há nem pode haver nenhuma intenção de melindrar essas ou quaisquer outras crenças ou religiões, mas, apenas a constatação e exposição da realidade.

Ao Espiritismo é reservada missão eminentemente esclarecedora. Por isso jamais se distancia da verdade e é a via natural do progresso geral e da evolução de cada criatura. Tendo suas bases na natureza e nas suas leis sua estrutura é inabalável. Prima pela simplicidade, clareza e precisão de seus princípios e fundamento obedientes à Divina Providência reinante perenemente acima de todos e sobre tudo o que existe em toda parte.

Reformador

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