Jesus e os Vendilhões
Fabiano Possebon
Verdade e Luz - Edição 257
Verdade e Luz - Edição 257
Jesus teria agido de modo violento contra os vendilhões do templo de Jerusalém? O episódio citado por todos os evangelistas é uma passagem que sempre me deixou perplexo.
Será crível que um espírito do quilate do Mestre praticasse aqueles atos agressivos?
Vejamos a narrativa de Marcos: “E foram para Jerusalém. Entrando ele (Jesus) no templo, passou a expulsar os que ali vendiam e compravam. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo, também os ensinava e dizia: Não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração, para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores!”.
João é o único evangelista que afirma que Jesus fez um azorrague (chicote) para expulsar os vendilhões, mas não diz se o usou realmente. Ou será que ele o fez apenas para demonstrar autoridade ou intimidá-los? Há quem pense que o chicote foi mencionado em sentido figurado, que acabou sendo tomado ao pé da letra. O olhar de Jesus teria sido firme como se estivesse usando um chicote.
Mas, isto é uma hipótese. O interessante é que as descrições dos outros narradores são bem parecidas, porém não fazem menção a nenhum azorrague...
Afinal, o que, de fato, aconteceu?
Realmente, o Divino Rabi não tumultuou qualquer atividade espiritual que estivesse sendo realizada no templo, porque a cena da expulsão, deveras, não se deu no interior dele, onde se faziam os cultos, e nem sequer no pátio interno, onde somente os israelitas entravam, mas sim na parte externa, ao redor do edifício, em que até os gentios, isto é, os estrangeiros, podiam entrar.
Não é possível que Jesus tivesse chicoteado alguém (como fazem questão de mostrar algumas películas), na verdade, ele não feriu nem mesmo os animais, pois “disse aos que vendiam os pombos: tirai daqui estas coisas” ( são palavras de outro evangelista), certamente para que removessem as gaiolas em que se encontravam as aves que eles vendiam.
O que o Mestre fez foi, realmente, preparar a cena para, ao fim, dizer algo muito importante: o templo não era para servir de ponto de comércio, mas sim para o trato das coisas espirituais. Vejam, caros leitores, que do acerto de sua atitude, falou o resultado: o povo todo interrompeu o comércio, o burburinho, e prestou atenção ao apelo.
E nós, espíritas, devemos nos lembrar deste fato e procurar sempre fazer com que a Casa Espírita seja um local de estudos e atividades espirituais, não permitindo que ela se transforme num ambiente de comércio e atividades vulgares.
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