O Idoso - quem é:
Como é visto
Como ele se vê
A família - cuidados - respeito -
carinho - amor - ou abandono?
As formas de exteriorização desse
abandono
Responsabilidade - repercussões
O entendimento espírita
"(...) É justo que os filhos
cooperem com os pais, embora saibamos que os mais jovens de hoje serão os mais
velhos de amanhã tanto quanto os maduros de agora, desempenharão, muito em
breve o papel de jovens no futuro.
Tudo é seqüência na Lei".
Emmanuel - Reformador, julho/76 - 22/4/51
"Antes de mais nada, é necessário
esclarecer cada uma das gerações que se cruzam na mesma época reencarnatória
sobre um princípio altamente funcional para o progresso das coletividades
(povos e nações).
As atuais posições e funções específicas das gerações de hoje
já estiveram trocadas em vidas passadas. E ainda se inverterão em vidas
futuras. A geração mais velha de hoje em função educadora foi a mais nova e
educanda de ontem; e será a de amanhã.
Essa contingência está a apontar a
todos o respeito mútuo, recíproca compreensão e liberdade a ser mantida entre
os mais velhos e os jovens em comunicação produtiva". Espiritismo e
Educação, Ney Lobo - IX
As fases da vida física e o que cada
uma representa para o Espírito
Dentro dos objetivos da Doutrina
Espírita - a renovação moral - encarnação, isto é, uso de um corpo físico e o
tempo que pode desfrutar dele, é altamente valorizado no entender espírita.
Qualquer
privilégio seria uma preferência, uma injustiça. Mas, a encarnação para todos
os espíritos é um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe, quando
iniciam a vida, como primeira experiência do uso do livre-arbítrio.
Os que desempenham com zelo essa
tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da
iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário,
usam mal a liberdade que Deus lhes concede retardam sua marcha e, tal seja a
obstinação que demonstrarem, podem prolongar, indefinidamente, a necessidade da
reencarnação e é quando se torna um castigo". 1
Desse modo é o homem:
"um Espírito transeunte,
reencarnado nesta Terra, peregrino imperfeito, em determinado grau educativo em
romagem da perfectibilidade para perfeição que, pela Educação conquistada ou a
conquistar em Reencarnações sucessivas e progressivas como ser Pluriexistencial
atingirá o estado de Puro Espírito, isto é totalmente educado" 2
Entendida essa premissa o Espírito
precisa de um corpo físico para desenvolver seu potencial perfectível,
submetido ao ciclo da matéria que "nasce, cresce, desenvolve-se, mantém
determinado equilíbrio, desagrega-se e morre, qual a função de cada uma? Há
alguma coisa que seja superior, mais importante?
Recorde-se que na perfeição do Pai,
não existe acaso, supérfluo, ou algo sem função específica. Desse modo, cada
fase em que estagia o Espírito, tem ela uma função altamente qualificada em
preparações contínuas e seqüentes onde o aprendizado, as experiências, o
processo educativo aí contido, vai ampliando o campo perceptivo e irradiador do
Espírito.
Nesse campo, interligado, junto, paralelo ao repouso/latência está
a segunda função - a plasticidade, a maleabilidade"4 propiciadora do campo
aberto para se reformar, mudar. O exemplo, o
desvelo, o carinho, a firmeza, o empenho dos pais/responsáveis em trabalhar sem
perder a dimensão de que está diante de um Espírito imortal, dá sentido e
entendimento as várias situações com as quais se defrontarão.
Leda Marques Bighetti
Essa visão - Imortalidade - em nenhum
momento pode ser esquecida - pois se ela referencia o ser, com seu passado,
aquisições, virtudes e problemas, também dá sentido a todos os cuidados e
trabalhos visando o futuro.
A adolescência, puberdade, fase que
adentra em tese, além um pouco dos vinte anos, caracteriza-se pela descoberta e
afirmação do EU, onde períodos de egocentrismo, crises de irriquietude,
irritabilidade, alternando-se com períodos calmos, ou de entusiasmo e depressão
são freqüentes. Produzem tormento interior, acrescido das dificuldades nas
decisões, as desilusões, ou o contato com a realidade mais evidente, onde o
Espírito não se sente ainda com estruturação de um Homem, mas também não se
aceita mais como criança. Mendouse, pensador francês classifica essa fase como
"estado de anarquia das tendências".
Sob o enfoque da Imortalidade, tudo
isso de um modo geral (pode haver exceções) tem razão de ser. Agora, o
esquecimento do passado é total, a potencialidade está voltada para o futuro,
mas esse Espírito é todo um aflorar de passado. A infância acenou-lhe com novas
propostas, ideais. Nessa luta (quase sempre inconsciente) entre o que não mais
quer se repetir, rescindir e o que almeja, sente ou deseja, o objetivo que é
justamente a emancipação, quase sempre exterioriza-se através de conflitos a
representar verdadeiro grito de socorro onde a atitude atuante dos
pais/responsáveis - conversando, dialogando, refletindo juntos será de capital
importância para a fisionomia espiritual desse futuro homem, totalmente diferente
do que já fora em passado, da "criança" dessa existência, dos pais ou
familiares.
No mesmo enfoque e importância esse
Espírito imortal alcança, atinge (na tese de uma seqüência lógica) a maturidade
onde pressupõe-se o equilíbrio físico e emocional no vigor e a energia que
esplendem. O Espírito se exteriorizaria aí em toda solidez, firmeza, precisão e
desenvolvimento. A segurança, a justeza, a reflexão dão real colorido as
propostas e decisões "Se realmente a idade madura é menos primaveril que a
adolescência; se as flores decaíram do seu colorido e perfume, os frutos
igualando-se aos frutos de uma árvore começam a aparecer na extremidade da alma
pois é a idade madura, por excelência, o período da plenitude; é o rio que
corre a toda força e espalha pela campina a riqueza e a fecundidade". 5
A arte da vida, portanto, consistirá
em justamente se entender porquês e funções, e se preparar para elas e nelas,
qual trabalhador que após os serviços devidos se prepara para a colheita.
Essa fase madura onde "(...) o
nascer do sol é logo de manhã, o poente é radioso e as noites sempre alumiadas
maravilhosamente, suntuosamente por milhares de estrelas (...)6, o trabalho, a
inspiração, o desprendimento e o amor preparam para a fase que se seguirá - a
do envelhecimento da matéria.
Por que a do envelhecimento da
matéria?
"(...) teu corpo é uma veste que
se apodrece (...)"7
Mantidas as condições gerais de vida,
isto é, ar, luz, calor, alimento, cuidados necessários, por que a energia vital
que mantém a Vida se desagrega?
Gabriel Delanne8 representa essa
resposta com a analogia de uma pedra lançada ao ar em sentido vertical.
Impulsionada pela força dos músculos, a despeito da força centrípeta, eleva-se
rapidamente até que as duas forças contrárias se equilibram. Depois, a atração
predomina, a pedra cai e quando chega ao ponto de partida toda energia a ela
comunicada terá desaparecido.
Pode-se fazer paralelo com o ser vivo
- a energia potencial proveniente dos pais e que se encontra na célula
original, transforma-se em energia natural à medida em que se organiza a
matéria. De começo a ação é altamente enérgica - a assimilação ultrapassa a
desassimilação - o indivíduo cresce (infância e juventude). A seguir vem o
equilíbrio das perdas e ganhos - é a maturidade, a estabilidade da matéria.
Cessado, rompido esse equilíbrio, os tecidos não mais convenientemente
alimentados, esvai-se a força vital até a exaustão completa. Caracterizou-se a
velhice dessa matéria até o sobrevir de extinção completa, no caso, na morte. A
matéria agora desagregada retorna ao mundo inorgânico.
Essa matéria em desagregação
influencia o Espírito?
Sem dúvida. Ela limita sua
exteriorização, sua expansão, impõe-lhe ritmo diferente. Os instrumentos para a
manifestação da alma estão limitados, e o Espírito não mais consegue dinamizar
sua pujança.
Acredita-se que esse processo natural
do envelhecimento da matéria apresente menos problemas ao Espírito quando se
faz acompanhar desse conhecimento e do fruto das atitudes positivas e condutas
corretas no dia-a-dia, desde a mocidade e que as funções biológicas e
psicológicas são alteradas com maiores repercussões diante dos comportamentos
sem disciplina em todos os setores.
Daí entender, compreender essa fase
natural da existência e trabalhar nela para que o Espírito se mantenha ativo,
lúcido, entusiasmado e permanentemente livre, embora limitado pela matéria que
o restringe.
A História mostra que o envelhecimento
da matéria não se processou em paralelo, para quem soube cultivar o Espírito ou
em outras palavras, a idade cronológica não representou barreiras para Verdi,
compositor italiano, que aos sessentas anos compõe "Aída"; com mais
de setenta e quatro "Otelo" e aos oitenta e quatro completa três
imorredouras páginas religiosas: "Ave Maria", "Stabat
Mater" e "Te Deum". Picasso, o genial pintor espanhol aos
noventa e um anos cria; Churchill septuagenário foi a alma da resistência na
Segunda Grande Guerra e morre aos noventa e um anos em plena contribuição
social. Que falar ainda de Einsten, Edison, Albert Schwtzer, Pasteur, Fleming,
Adenahuer, Bertrand Russell espíritos altamente produtivos aos setenta,
oitenta, noventa anos de idade física, que não se entregando a vida
contemplativa permanecem vivos até hoje quando pelos efeitos de suas
descobertas, invenções, idéias e ideais se mantiveram produtivos, interessados,
interessantes e atuantes, apesar, do envelhecimento físico.
Nessas colocações quem é o idoso?
Há primeiro que se diferenciar o que
se entende por idoso. Assim...
Bibliografia - Estudo I:
1 - KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo
o Espiritismo, cap. IV - 25
2 - LOBO, Ney, Filosofia Espírita da
Educação, vol. 1 - 1.° resumo da solução
3, 4 - KARDEC, Allan - O Livro dos
Espíritos, q. 382 - 385
5, 6 - DENIS, Léon - O Grande Enigma,
XV e seguintes
7 - KARDEC, Allan - O Livro dos
Espíritos, q. 196a
8 - DELANNE, Gabriel - Evolução
Anímica, cap. I
de Ribeirão Preto, SP
(Jornal Verdade e Luz Nº 178 de
Novembro de 2000)
*"Senhora Leda Marques Biguetti, foi minha orientadora em diversos cursos ministrados no Centro Espirita Batuira de Ribeirão Preto; incluídos "Mediunidade e de Expositor Espirita" Além de todo o apreço que nutro pela sua pessoa, sou lhe eternamente grata pelo muito que pude aprender com a mesma; E pela certeza que muitos poderão nutrir-se com seus artigos, recheados de sabedoria; é que me aprazo em replicar neste nosso espaço seus artigos.
Que todos possam desfrutar deles para iluminar suas almas!"
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