NAS
FRONTEIRAS DA LOUCURA ? CARNAVAL
ATRÁS DE UM TRIO ELÉTRICO, TAMBÉM VAI
QUEM JÁ MORREU !
Nas explicações de Emmanuel, o
Espiritismo nos esclarece que estamos o tempo todo em companhia de uma
inumerável legião de seres invisíveis, recebendo deles boas e más influências a
depender da faixa de sintonia em que nos encontremos.
Essa massa de espíritos cresce
sobremaneira nos dias de realização de festas pagãs, como é o Carnaval.
Nessas ocasiões, como grande parte das
pessoas se dá aos exageros de toda sorte, as influências nefastas se
intensificam e muitos dos encarnados se deixam dominar por espíritos maléficos,
ocasionando os tristes casos de violência criminosa, como os homicídios e
suicídios.
Além dos desvarios sexuais que levam à
paternidade e maternidade irresponsáveis.
Atrás do trio elétrico só não vai quem
já morreu... não quero saber se o diabo nasceu foi na bai, foi na Bahia...
Se antes de compor sua famosa canção o
filho de Dona Canô tivesse conhecido o livro “Nas Fronteiras da Loucura”, ditado
ao médium Divaldo Pereira Franco pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda,
talvez fizesse uma letra diferente e, sensível como o poeta que é,
Cuidaria de exortar os foliões “pipoca”
e aqueles que engrossam os blocos a cada ano contra os excessos de toda ordem.
Mas como o tempo é o senhor de todo
entendimento, hoje Caetano é um dos muitos artistas que pregam a paz no
Carnaval, denunciando, do alto do trio elétrico, as manifestações de violência
que consegue flagrar na multidão.
No livro citado, Manoel Philomeno, que
quando encarnado desempenhou atividades médicas e espiritistas em Salvador,
relata episódios protagonizados pelo venerando Espírito Bezerra de Menezes, na
condução de equipes socorristas junto a encarnados em desequilíbrios.
Philomeno registra, dentre outros pontos
de relevante interesse, o encontro com um certo sambista desencarnado, o qual
não é difícil identificar como Noel Rosa, o poeta do bairro boêmio de Vila
Isabel, no Rio de Janeiro, muito a propósito, integrava uma dessas equipes
socorristas encarregadas de prestar atendimento espiritual durante os dias de
Carnaval.
Interessado em colher informações para a
aprendizagem própria (e nossa também!), Philomeno inquiriu Noel sobre como este
conciliava sua anterior condição de “sambista vinculado às ações do Carnaval
com a atual, longe do bulício festivo, em trabalhos de socorro ao próximo”.
Com tranquilidade, o autor de “Camisa
listrada” respondeu que em suas canções traduzia as dores e aspirações do povo,
relatando os dramas, angústias e tragédias amorosas do submundo carioca, mas
compreendeu seu fracasso ao desencarnar, despertando “sob maior soma de
amarguras, com fortes vinculações aos ambientes sórdidos, pelos quais
transitara em largas aflições”.
No entanto, a obra musical de Noel Rosa
cativara tantos corações que os bons sentimentos despertados nas pessoas
atuaram em seu favor no plano espiritual:
“Embora eu não fosse um herói, nem mesmo
um homem que se desincumbira corretamente do dever, minha memória gerou
simpatias e a mensagem das músicas provocou amizades, graças a cujo recurso fui
alcançado pela Misericórdia Divina, que me recambiou para outros sítios de
tratamento e renovação, onde despertei para realidades novas”.
Como acontece com todo espírito calceta
que por fim se rende aos imperativos das sábias leis, Noel conseguiu, pois,
descobrir:
“Que é sempre tempo de recomeçar e de
agir”...
E assim ele iniciou a composição de
novos sambas:
“Ao compasso do bem, com as melodias da
esperança e os ritmos da paz, numa Vila de amor infinito...”.
Entre os anos 60 e 70, Noel Rosa
integrava a plêiade de espíritos que ditaram ao médium, jornalista e escritor
espírita Jorge Rizzini a série de composições que resultou em dois discos e
apresentações em festivais de músicas mediúnicas em São Paulo.
O entendimento do Poeta da Vila quanto
às ebulições momescas, é claro, também mudou:
“O Carnaval para mim, é passado de dor e
a caridade hoje, é-me festa de todo, dia, qual primavera que surge após inverno
demorado, sombrio”.
A carne nada vale:
"O Carnaval, conforme os conceitos
de Bezerra de Menezes, é festa que ainda guarda vestígios da barbárie e do
primitivismo que ainda reina entre os encarnados, marcado pelas paixões do
prazer violento".
Como nosso imperativo maior é a Lei de
Evolução, um dia tudo isso, todas essas manifestações ruidosas que marcam nosso
estágio de inferioridade desaparecerão da Terra.
Em seu lugar, então, predominarão:
A alegria pura...
A jovialidade,
A satisfação,
0 júbilo real.
... Com o homem despertando para a
beleza e a arte, sem agressão nem promiscuidade.
A folia em que pontifica o Rei Momo já
foi um dia a comemoração dos povos guerreiros, festejando vitórias; foi
reverência coletiva ao deus Dionísio, na Grécia clássica, quando a festa se
chamava bacanalia:
"Na velha Roma dos césares,
fortemente marcada pelo aspecto pagão, chamou-se saturnalia e nessas ocasiões
se imolava uma vítima humana".
Na Idade Média, entretanto, é que a
festividade adquiriu o conceito que hoje apresenta:
▬ O de uma vez por ano é lícito
enlouquecer, em homenagem:
Das orgias,
Dos desvarios,
Dos excessos, em suma,
Aos falsos deuses do vinho.
Bezerra cita os estudiosos do
comportamento e da psique da atualidade:
“Sinceramente convencidos da necessidade
de descarregarem-se as tensões e recalques nesses dias em que a carne nada
vale, cuja primeira silaba de cada palavra compõe o verbete carnaval”.
Assim, em cinco ou mais dias de
verdadeira loucura, as pessoas desavisadas, se entregam ao descompromisso,
exagerando nas atitudes, ao compasso de sons febris e vapores alucinantes.
Está no materialismo, que vê o corpo, a
matéria, como inicio e fim em si mesmo, a causa de tal desregramento.
Esse comportamento afeta inclusive
aqueles que se dizem religiosos, mas não têm, em verdade, a necessária
compreensão da vida espiritual, deixando-se também enlouquecer uma vez por ano.
Processo de loucura e obsessão:
"As pessoas que se animam para a
festa carnavalesca e fazem preparativos organizando fantasias e demais
apetrechos para o que consideram um simples e sadio aproveitamento das alegrias
e dos prazeres da vida, não imaginam que, muitas vezes, estão sendo inspiradas
por entidades vinculadas às sombras".
Tais espíritos, como informa Manoel
Philomeno, buscam vitimas em potencial:
“Para alijá-las do equilíbrio, dando
inicio a processos nefandos de obsessões demoradas”.
Isso acontece tanto com aqueles que se
afinizam com os seres perturbadores, adotando comportamento vicioso, quanto com
criaturas cujas atitudes as identificam como pessoas respeitáveis, embora
sujeitas às tentações que os prazeres mundanos representam, por também
acreditarem que seja lícito enlouquecer uma vez por ano.
Esse processo sutil de aliciamento esclarece
o autor espiritual, dá-se durante o sono, quando os encarnados, desprendidos
parcialmente do corpo físico, fazem incursões às regiões de baixo teor
vibratório, próprias das entidades vinculadas às tramas de desespero e loucura.
Os homens que assim procedem não o fazem
simplesmente atendendo aos apelos magnéticos que atrai os espíritos
desequilibrados e desses seres...
Mas porque a eles se ligam pelo
pensamento:
“Em razão das preferências que acolhem e
dos prazeres que se facultam no mundo íntimo”.
Ou seja, as tendências de cada um, e a
correspondente impotência ou apatia em vencê-las, são o imã que atrai os
espíritos desequilibrados e fomentadores do desequilíbrio, o qual, em suma, não
existiria se os homens se mantivessem no firme propósito de educar as paixões
instintivas que os animalizam.
Há dois mil anos. Tal situação não
difere muito dos episódios de possessão demoníaca aos quais o Mestre Jesus era
chamado a atender, promovendo as curas “milagrosas” de que se ocupam os
evangelhos.
Atualmente, temos, graças ao
Espiritismo, a explicação das causas e consequências desses fatos, desde que
Allan Kardec fora convocado à tarefa de codificar a Doutrina dos Espíritos.
Conforme configurado na primeira obra da
Codificação – O Livro dos Espíritos, estamos, na Terra, quase que sob a direção
das entidades invisíveis.
Pergunta o Codificador
“Os espíritos influem sobre nossos
pensamentos e ações?”.
a influência é maior do que credes
porque, frequentemente, são eles que vos dirigem”.
Pode parecer assustador, ainda mais que
se se tem os espíritos ainda inferiorizados à conta de demônios.
Mas, do mesmo modo como somos facilmente
dominados pelos maus espíritos, quando, como já dito, sintonizamos na mesma
frequência de pensamento...
... Também obtemos, pelo mesmo processo,
o concurso dos bons, aqueles que agem a nosso favor em nome de Jesus.
Basta, para tanto, estarmos predispostos
a suas orientações, atentos ao aviso de “orar e vigiar” que o Cristo nos deu há
dois mil anos, através do cultivo de atitudes salutares, como a prece e a
praticada caridade desinteressada.
Esta última é a característica de
espíritos como Bezerra de Menezes, que em sua última encarnação fora alcunhado
de:
“O médico dos pobres”.
E hoje é reverenciado no meio espírita
como:
“O apóstolo da caridade no Brasil”.
Fonte:
Revista Visão Espírita