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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Amor Sem Remédio



Quarto Remédio
O melhorar de objeto
Dizem que um amor com outro se paga, e mais certo é que um amor com outro se apaga.
 Assim como dois contrários em grau intenso não podem estar juntos em um sujeito, assim no mesmo coração não podem caber dois amores, porque o amor que não é intenso não é amor. 
Ora, grande coisa deve de ser o amor, pois, sendo assim, que não bastam a encher um coração mil mundos, não cabem em um coração dois amores. 
Daqui vem que, se acaso se encontram e pleiteiam sobre o lugar, sempre fica a vitória pelo melhor objeto.
 É o amor entre os afetos como a luz entre as qualidades. 
Comumente se diz que o maior contrário da luz são as trevas, e não é assim. 
O maior contrário de uma luz é outra luz maior. 
As estrelas no meio das trevas luzem e resplandecem mais, mas em aparecendo o sol, que é luz maior, desaparecem as estrelas. Em aparecendo o maior e melhor objeto, logo se desamou o menor.
Amor Sem Remédio
Se quando se rendem ao mesmo amor todos os contrários, será justo que lhe resistam os seus, e se na hora em que morre de amor sem remédio o mesmo amante, será bem que lhe faltem os corações daqueles por quem morre? 
Amemos a quem tanto nos amou, e não haja contrário tão poderoso que nos vença, para que não perseveremos em seu amor.

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