NO HORTO
Tristemente, Jesus fitando os céus, em prece,
Vê descer da amplidão o Arcanjo da Agonia,
Cuja mão luminosa e tema lhe trazia
O cálix do amargor, duríssimo e refece.
– “Se puderdes, meu Pai, afastai-o!...” – dizia,
Mas eis que todo o Azul celígeno estremece;
E do céu se desprende uma doirada messe
De bênçãos aurorais, de Paz e de Alegria.
Paira em todo o recanto a vibração sonora
Do Amor e o Mestre já na sede que o devora,
De imolar-se por fim nas aras desse Amor,
Sente a Mão Paternal que o guia na amargura,
E sublime na fé mais vívida, murmura:
– “Que se cumpra no mundo o arbítrio do Senhor!...”
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