(Perante os inimigos)
Senhor, é-me triste constatar que possuo
inimigos nesta vida e que desejam, acima de tudo, o meu fracasso material e
moral, muito embora eu nada deseje de mal para eles!...
Sinto-lhes a presença
em tudo o que perco ou que me fere, como que a sugerir que Tu ignoras-me o
sofrimento.
No entanto, acima de toda dor ou dificuldade, sou teu, e eles não
sabem quão doce é pertencer-te...
Eles não sabem que o descobri em mim, perene
(ó sublime alento), e que desde então me alimento de inalterável felicidade.
Buscam ferir-me anulando todas as oportunidades e não sabem que me beijas a
fronte a cada amanhecer, perfumando a minha estrada de esperanças sempre
renovadas; buscam arruinar-me, e não sabem que teu amor rasga os véus da
inferioridade que ainda me prende ao solo, e teu cuidado dilacera os laços que
me retêm ao lodo.
Por isso confio.
Se eles soubessem, Senhor, que faço apenas o
que tu me ordenas, compreenderiam porque tenho tua mão segura quando todos me
deixam só, saberiam porque na noite sombria das provas, quando me armam
ciladas, tua imagem é o vigia que me embala em segurança...
Eles não sabem,
Senhor (pobres cegos), que ao teu influxo seguro, não firo meus pés nas pedras
e nem as pedras ferem meus sentimentos.
Junto à Ti não existem lanças, nem
dores, nem palavras rudes que causem dano.
És meu doce e sempre refúgio, no
seio do Eterno Pai...
Tu estás comigo, Senhor, onde quer que eu vá, e me afagas
a jornada no mundo à maneira do Sol, que acima de todas as intempéries, beija
as flores do campo, mansamente, a cada novo amanhecer.
E isso, Senhor, porque
me ensinaste a amá-lo na hora escura da angústia, com a mesma certeza que o amo
nos dias claros de luz. Mas eles não sabem, Senhor (que pena)!...
Amém!
André Luiz, IDEAL André, 25.11.98*
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