Os Velhinhos Inteligentes |
Nilza Tereza Rotter Pelá |
Nilza Tereza Rotter Pelá
de Ribeirão Preto, SP
A notícia, transmitida em rede nacional de
televisão, relatou estudo científico realizado no Reino Unido. Há sessenta (60)
anos, nesta pesquisa, foi medido o coeficiente de inteligência de uma amostra
de crianças que freqüentavam o ensino fundamental; localizadas depois deste
período constatou-se que dentre aquelas com maiores coeficientes, a taxa de
sobrevida era maior, bem como, o estado de saúde das mesmas, também era melhor.
Inadvertidamente o repórter concluiu que a
inteligência havia causado melhor qualidade de saúde, felizmente após isto
apareceu a entrevista de um senhor que havia participado da amostra de crianças
estudadas que declara que a inteligência lhes proporcionou condições de fazer
escolhas mais acertadas do tipo não fumar, alimentar-se de maneira mais
saudável, ter atividade física adequada, lazer ao longo de suas vidas.
Basicamente o que este senhor reforça é um
pressuposto da Doutrina Espírita, muitas vezes enfatizado por Kardec: em tudo e
por tudo é necessário aprendermos a deduzir as conseqüências de nossos atos. A
inteligência neste caso funcionou como catalizador do processo.
Em "O Livro dos Espíritos"
encontramos no capítulo Lei do Progresso (questões 780 e 780a) que o
progresso intelectual ocorre antes do progresso moral pois é aquele que dará
condições de se compreender o bem e o mal e a partir desta compreensão o ser
humano poderá fazer escolhas. "O
desenvolvimento do livre arbítrio, segue-se ao desenvolvimento da inteligência
e aumenta a responsabilidade do homem pelos seus atos".
Sabemos pela doutrina que estamos aqui
reencarnados para desenvolvimento de novas capacidades, tanto morais como
intelectuais, tanto que em "A Gênese" Kardec coloca que Terra é uma escola
de aplicação. As aquisições anteriores sem dúvida em muito nos ajudam,
entretanto é preciso lembrar que o fato de não as possuirmos não quer dizer que
necessariamente deveremos sempre estar em condição de inferioridade em relação
aos outros; precisamos sim estar conscientes que nosso trabalho será maior, mas
as nossas chances sempre existem.
As potencialidades estão em cada um de nós a
fim de que pelo nosso esforço pessoal nos dediquemos a desenvolvê-las,
entretanto, podemos dizer que no nosso planeta ainda existem espíritos que não
descobriram o prazer de novos aprendizados.
Aqueles que se dedicam ao labor de ensinar em
escolas públicas ou privadas sabem que basicamente há três modalidades de
aprendizes: os que têm enorme prazer de aprender e muito se esforçam para
adquirir novos conhecimentos; os que se contentam em aprender para ir para a
série seguinte; os que se irritam com os professores porque exigem esforço de
aprendizado.
Temos também que nos lembrar que uma vez o
aprendizado tendo ocorrido ainda há grande tarefa do indivíduo processar sua
canalização, ou seja, para que será utilizada a nova aquisição? Ë aqui que
entra o desenvolvimento moral.
Voltando à notícia do início desta matéria
recordemos que o senhor entrevistado enfatiza que ser mais inteligente lhe
proporcionou condições de melhor escolha, entretanto, a melhor escolha é fruto
dos nossos valores e crenças, ou seja, está ligado à nossa ética pessoal.
É necessário também lembrar que não se trata
apenas de escolher o melhor para nós ignorando a dimensão do outro, pois neste
caso a nossa inteligência está sendo utilizada de maneira egoísta, denotando o
nosso infantilismo moral. Aqui se coloca as palavras de Emmanuel em Pensamento
e Vida: "Inteligência que
não ama, pode ser comparada a valioso poste de aviso, que traça ao peregrino
informes de rumo certo, deixando-o sucumbir ao tormento da sede."
(Jornal Verdade e Luz Nº 185 de Junho de 2001)
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