Ler,
mas ler o que?
Nilza Teresa Rotter Pelá
de Ribeirão Preto, SP
Os espíritas estão suficientemente orientados
a respeito da importância da busca do conhecimento doutrinário através do
estudo sistematizado da obra espírita. Emmanuel muito bem nos alerta que a
ignorância é uma armadilha.
Sabemos também que vai uma distância entre
saber que se deve fazer o estudo e efetivamente realizá-lo, pois temos
observado que muitos companheiros que freqüentam a Casa Espírita há muitos anos
ainda não se detiveram no estudo das obras básicas da doutrina limitando-se
àqueles estudos que podem participar nas reuniões doutrinárias.
Muito importante é essa participação, mas cada
espírita deve ir além dela dedicando-se ao estudo das obras básicas com muito
mais empenho que a leitura de todas as novidades que chegam ao mercado
editorial denominado de Espírita, mesmo porque para a análise racional destas
obras é necessário que, nós espíritas, tenhamos como referência a Codificação
Kardequiana.
Lembremos que o termo Espiritismo foi adotado
por Kardec para diferenciar esta doutrina de todas as outras doutrinas
espiritualistas, portanto não basta que uma obra se intitule espírita, cabe a
cada um de nós, que a estamos lendo, ver se os conceitos nela apresentados
estão de acordo com o que consta de “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos
Médiuns”, O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno” e “A Gênese”.
Como poderemos fazer esta análise se não nos
dedicamos ainda ao estudo das obras citadas? Como já destaca artigo publicado em
“Reformador” “...há muito espinheiro com aparência de livro... Com um vasto
mercado à frente, ávido por obras espíritas, muitas pessoas disto se aproveitam
escrevendo, editando, distribuindo e vendendo obras de qualidade duvidosa, e o
leitor, principalmente o iniciante na doutrina, pode ser ludibriado.”
Destacamos ainda que tem sido considerado a
importância do estudo dos 4 autores que são conhecidos pela denominação de
Consolidadores da obra de Kardec. São eles: Léon Denis, Camille Flammarion,
Gabriel Delanne e Ernesto Bozzano.
Uma amiga nossa com 80 anos, filha de
espíritas, comentava que como no “seu tempo de juventude” não havia tanta
literatura espírita, a família, após estudar as obras de Kardec, estudava com
os filhos, sobretudo as obras de Léon Denis e que isto lhe deu uma sólida base
de conhecimento doutrinário, então quando a literatura espírita se ampliou ela
sempre lia comparando com o que havia estudado e que isto lhe foi
particularmente enriquecedor.
Hoje muitos livros espíritas são vendidos, mas
pergunta-se: será que o público que está lendo esses livros tem o referencial
da Codificação para analisar o que esta lendo?
A esta altura podemos cogitar que o leitor
deve estar argumentando que o tempo é escasso, portando tem que fazer uma opção
de leitura e como a novidade editorial é mais chamativa opta-se por ela.
O Reformador publicou uma sugestão que uma
companheira de doutrina adotou, é um programa de estudo das Obras Básicas que
há alguns anos vem realizando de maneira contínua. Cada dia lê seis páginas de
uma das obras básicas, quando termina aquela passa para outra e assim
sucessivamente, desta forma a cada ano essa companheira lê todas as cinco obras
básicas e ainda estuda a literatura complementar da doutrina.
Acatando a sugestão iniciamos esse processo há
seis meses fazendo a numeração contínua das páginas lidas, ao ser publicado
este artigo já estaremos lendo a quarta obra e a completar um ano do início do
processo teremos percorrido todas as obras básicas.
E qual o tempo gasto, poderá estar perguntando
o leitor. São aproximadamente vinte minutos diários, ou seja, 5475 minutos em
um ano, o que significa 91,7 horas o que equivale a aproximadamente quatro dias
de 24 horas. Será que não podemos dedicar esse tempo ao estudo de Kardec para
que não nos percamos em eventual espinheiro de literatura dita espírita?
(Jornal Verdade e Luz Nº 209 de Junho de 2003)
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