Ninguém
mais humilde que Ele, o Divino Governador da Terra.
Podia
eleger um palácio para a glória do nascimento, mas preferiu sem mágoa a
manjedoura simples.
Podia
reclamar os princípios da cultura para o seu ministério de paz e redenção;
contudo, preferiu pescadores singelos para instrumentos sublimes do seu verbo
de luz.
Podia
articular defesa irresistível a fim de dominar a governança política; no
entanto, preferiu render-se à autoridade, presente em sua época, ensinando que
o homem deve entregar ao mundo o que ao mundo pertence, e a Deus o que é de
Deus.
Podia
banir de pronto do colégio apostólico o amigo invigilante, mas preferiu que
Judas conseguisse os seus fins, lamentáveis e excusos, descerrando-lhe aos pés
o caminho melhor.
Podia
erguer-se ao Sol da plena vida eterna, sem voltar-se jamais ao convívio
humilhante daqueles que o feriram nos tormentos da cruz; no entanto, preferiu
regressar para o mundo, estendendo de novo as mãos alvas e puras aos ingratos
da véspera.
Podia
constranger o espírito de Saulo a receber-lhe as ordens, mas preferiu
surgir-lhe qual companheiro anônimo, rogando-lhe acordar, meditar e servir, em
favor de si mesmo.
Em
Cristo, fulge sempre a humildade celeste, pela qual aprendemos que, quanto mais
poder, mais amplo o trilho augusto aberto às nossas almas para que nos façamos,
não apenas humildes pelos padrões da Terra, mas humildes enfim pelos padrões de
Deus.
Emmanuel
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