O Problema do Sofrimento
(Djalma Motta Argollo)
Imagem da Internet |
A dor desempenha papél fundamental na existência dos seres
vivos. Papel extremamente positivo para a sobrevivência individual e coletiva,
estimulando a criatividade e a produção de elementos de proteção.
No caso específico dos seres humanos, a dor tem sido a grande
incentivadora, também, na produção cultural, ressaltando-se aí o campo
artístico. Todavia, é preciso frisar que não é o sofrimento em si o fator
estimulante, mas a necessidade de superá-lo. Na verdade o ser humano é dirigido
pelo “principio do prazer”. Estar bem é o objetivo essencial. Quando a dor
interfere na fruição do bem-estar, impõe-se a necessidade dele ser
restabelecido.
Podemos concluir, com toda a tranqüilidade, que todos os seres
têm a destinação de viver bem, com alegria e satisfação plena. Em última análise,
Epicuro tinha razão, errando apenas sua filosofia no desvio para o hedonismo
radical, que é o reforço do egoísmo, pela perversão da finalidade real do
prazer.
No atual estágio evolutivo, a existência prazerosa tem um
defeito intrínseco de embotar a criatividade, desestimulando a procura de novas
maneiras de viver e progredir. Se todos os seres vivessem em permanente
satisfação, não tendo de lutar contra obstáculos e agressões do meio, a
estagnação levaria à destruição da vida na Terra. A alternância dialética de
dor e prazer é o mecanismo da evolução.
No caso específico do ser humano, cabe notar que existem dois
níveis bem determinados de sofrimento: o natural, que ele compartilha com os
demais seres da natureza; este nível foi denominado pelo espírito André Luiz de
“dor-evolução”, por ser aquela que o obriga a desenvolver meios de superação,
ampliando os recursos de proteção por estimular a criatividade; e o artificial,
originado por atitudes incompatíveis com as leis físicas e psicológicas que
regem a existência. É a este que o autor citado se refere sob as rubricas de
“dor-expiação” e “dor-resgate”. Tal denominação está vinculada a uma visão
“legalista” do destino, dentro do quadro de “crime e castigo”. Prefiro ver o
aspecto pedagógico da situação, ressaltando, no caso, uma “dor aprendizagem”,
que permite a correção de “filosofias de vida” inadequadas. Allan Kardec, em “O
Evangelho segundo o Espiritismo” analisa magistralmente esse tipo de dor, ao
estudar as “causas da aflição”. Não se deve esquecer que, fisicamente, dor
denuncia um processo orgânico requerendo correção, para que o sofredor volte a
se sentir plenamente bem. O sofrimento existirá na Terra, enquanto o homem
estiver voltado egoisticamente para seu bem-estar, à revelia do bem-estar dos
outros. Isto o Cristo nos diz claramente quando recomenda que só devemos fazer
aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem.
Artigo publicado com autorização do autor. Leia mais artigos de
Djalma Argollo na website www.djalmaargollo.com
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